Por que a Brahma vai ficar vermelha? Parte 1

 Mercado das cervejas, embalagens e estratégias - capítulo 4

O mercado das cervejas continua animado e dando aula de marketing . O principal foco das ações neste momento está na embalagem. Já falamos antes dos famosos 4 Ps, a embalagem é parte integrante e importante do Produto. No caso das cervejas a mudança do produto poderia significar uma mudança de sabor, de característica da bebida em si.  Mas neste momento as cervejarias optaram por uma outra estratégia: atender uma necessidade do consumidor referente a uma mudança de hábito e situações de consumo, ou da conquista de novos tipos de consumidores, como:

• as mulheres  jovens
• os churrascos e reuniões de amigos

Para atender, por exemplo,  esta nova classe média que está consumindo mais cerveja e se reunindo mais, foi importado um conceito já existente em países mais frios, como Uruguai e Argentina, o litrão. O conceito de custo-beneficio na prática.

A Ambev, em 2008, trouxe a embalagem para o Brasil depois que o comprou as tradicionais cervejarias uruguaias: Nortenã, Patricia e Pilsen, que já utilizavam a embalagem. O teste foi feito pela SKOL e ajustadas as questões logísticas, em seguida, foi lançado o Brahmão,

e mais recentemente a Cervejaria Petrópolis colocou a sua versão litro da Itaipava e da Crystal no mercado do sudeste.

Aí você se pergunta: este tipo de estratégia dá resultado? 

Alguns números mostram bons sinais: 

• no nordeste a Schin perdeu 1,5% de participação de mercado (12,9% - out/08; 11,4% out/09) após o lançamento do litrão pela Ambev. (Estadão)

• De janeiro a agosto de 2008, foram vendidos 4 milhões de litros da bebida no litrão. No mesmo período de 2009, as vendas na mesma embalagem chegaram a quase 78 milhões de unidades, segundo o Instituto Nielsen.

 Por outro lado, para atender o mercado mais jovem, de consumo individual e rápido foram criadas as embalagens "fest". 

A nova lata de 310 ml de Itaipava, Crystal e Itaipava Fest era inédita no Brasil. Denominada Sleek, antes era somente encontrada na Europa e nos Estados Unidos.

Agora foi a vez da Ambev copiar, lançado a Skol redondinha, que também avisa quando a cerveja está gelada. 

E novamente temos no preço um atrativo. O menor desembolso na hora da compra pode ser bem importante para o público jovem. 

Nesta guerra, momentaneamente, as cervejarias não se preocuparam em modificar o conteúdo em si, mas a forma. Nem tudo é bonito nesta batalha.

A Ambev está sendo mais uma vez questionada no Cade por concorrência desleal,  em  razão de ter colocado sua logomarca no vasilhame do litrão, o que impede o seu uso pelos concorrentes, prática comum nas embalagens de 600 ml.  A Ambev já foi anteriormente multada em 350 milhões pelo seu programa de fidelização de pontos de venda,"To contigo". Coisas do mundo das mega fusões e mercados hiperconcentrados. Fidelização, sem dúvida, faz parte dos 7 Ps, do marketing moderno, mas de forma obrigatória...  Será que é por isso que a Brahma tá ficando vermelha?

De qualquer forma,  as estratégias de marketing fizeram a Ambev ultrapassar 70% de participação de mercado em 2009.

Mas o cenário pode ficar ainda mais animado com a volta da Heineken, que comprou a FEMSA (cervejaria de origem mexicana fabricante da Sol), o que ampliará em muito suas operações no Brasil. A Heineken é líder mundial em cervejas premium, possui outras características de sabor, mais encorpada, diferentemente das comercializadas no Brasil, mais suaves e de baixo teor alcoolico, estilo americano  (standard american lager)

Mas eu não tava falando da Brahma ficar vermelha? 

Então, o que a concorrência da Heineken pode ter a ver com isso? 

Qual a famosa cerveja vermelha e branca, amigo?

Será que a Brahma está buscando modernidade no visual?
Ou será que vai adotar uma identidade mais próxima da irmã mais famosa recentemente adquirida pela Inbev, da Anheuser-Busch americana.

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