uma das questões que recebi é como funciona o sistema em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo. Na verdade, o sistema americano é praticamente igual ao usado no Brasil. No mundo existem poucas empresas que atuam na área de medição de audiencia de Tv, por ser um segmento que exige muito investimento em tecnologia, credibilidade e know-how. O Ibope, que é responsável pela medição no Brasil é uma delas. E o que muitas pessoas não sabem é que também é a empresa contratada para realizar a medição na maioria dos países da América Latina, como Argentina, México e Chile, usando uma tecnologia desenvolvida no Brasil. Algumas empresas importantes no mundo: a AGB, TNS (China, Canadá, Russia), Mediametrie (França), GFK (Alemanha)
Nos Estados Unidos o serviço é prestado pela Nielsen, a maior empresa de pesquisa do mundo (2008). Lá também se usa o people meter como principal sistema de medição. A principal diferença está no tamanho do mercado americano e na oferta de canais de Tv que existem por lá, o que o faz com que a quantidade de domicilios que fazem parte da amostra, ou seja que tem um people meter instalado nos televisores de casa, seja consideravelmente maior do que a existente no Brasil, por exemplo.
E aí entramos no tema que é sempre polêmico e que gera perguntas como: mas você conhece alguém que tenha participado da pesquisa? Ou frases do gênero eu não acredito em audiência de tv porque não conheço que tenha sido entrevistado... As vezes para quem não está acostumado é difícil de entender como funciona uma pesquisa. Agora que estamos em ano eleitoral seremos todos bombardeados por elas nos telejornais. Mas como entrevistando apenas 2000 pessoas em todo o Brasil é possível retratar a intenção de voto de todos os milhões de eleitores do país? Esta é chave da pesquisa e da estatística. A pesquisa de audiencia e a pesquisa eleitoral funcionam baseadas em um mesmo principio.: que uma amostra pode representar o conjunto, ou o universo, de uma população. Bom, então quer dizer que se eu perguntar pela internet para 2000 pessoas que eu conheça em quem elas vão votar, vou saber quem está na frente nas eleições? Bom, não é bem assim que funciona...
Para que uma amostra tão pequena seja representativa de uma população de milhões ela tem que ser selecionado de acordo com uma metodologia científica, que a transforme em uma amostra probabilistica aleatória. Ou seja capaz de selecionar pessoas que representem os diferentes segmentos da população: classes sociais, faixas etárias, sexo, local onde mora, escolaridade para citar algumas.
Na pesquisa de Tv também funciona assim, os domicílios que vão participar do painel que irá nos mostrar a audiência dos diferentes programas são selecionados por esta mesma metodologia científica, o que possibilita que apenas 750 domicílios possam representar o comportamento de quase 7 milhões de domícilios da Grande São Paulo em relação ao hábito de ver TV.
Veja como é a amostra distribuiçao da amostra utilizada pelo Ibope no Brasil:
Região | Domicílios da amostra |
| Grande São Paulo | 750 |
| Grande Rio de Janeiro | 450 |
| Grande Porto Alegre | 250 |
| Grande Curitiba | 250 |
| Grande Belo Horizonte | 300 |
| Grande Fortaleza | 220 |
| Grande Florianópolis | 220 |
| Grande Salvador | 250 |
| Grande Recife | 250 |
| Distrito Federal | 250 |
| Grande Vitória | 150 |
| Grande Goiânia | 150 |
| Campinas | 150 |
| Outras | 48 |
fonte: Almanaque Ibope
Então, no caso dos Estados Unidos esta amostra é significativamente maior porque inclui mais de 100 cidades e porque um domicilio em média pode sintonizar 100 canais, o que não acontece no Brasil, onde a penetração de tv paga ainda é bastante baixa em comparação com outros países, chegando a aproximadamente 7 milhões de domicílios, segundo dados da Anatel.
Atualmente está em fase de testes uma nova tecnologia para a medição de audiência que tem como objetivo acompanhar as mudanças de comportamento que estão a partir da famosa convergencia digital, ou seja, a possibilidade de assistir tv em diferentes meios: pelo computador, em aparelhos moveis etc... É o chamado portable people meter (PPM) que está sendo desenvolvido pela empresa americana Arbitron. O aparelho tem as dimensões de um pager e funciona através da detecção de códigos inseridos no audio das transmissões. Atualmente, ele está sendo utilizado no mercado americano apenas para a medição de audiência das emissoras de rádio.
E aí é assunto para o próximo capítulo.... Até lá.
portable people meter
Modelo people meters usados nos domicilios pela Nielsen
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